Alexandre Rocha
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Alexandre Rocha
São Paulo – O setor brasileiro de agroenergia, especialmente o de etanol, já atraiu recentemente investimentos estrangeiros de cerca de US$ 1 bilhão. A informação foi dada ontem (01) à ANBA pelo ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, que hoje é coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
"Estão acontecendo vários investimentos", disse Rodrigues, que considera os biocombustíveis o novo paradigma do setor de energia. Ele próprio está montando uma empresa, que se chamará Agroerg, para promover o segmento brasileiro de agroenergia lá fora e atrair capitais de fundos de investimentos. Conforme a ANBA informou esta semana, o setor sucroalcooleiro estima quem em 10 anos 50% da produção brasileira de etanol estará nas mãos de estrangeiros.
Para que este quadro seja consolidado, Rodrigues defende iniciativas para a criação de normas e padrões internacionais que vão possibilitar a transformação do etanol e outros combustíveis de origem agrícola em commodities. Entre estas iniciativas está o Fórum Internacional de Biocombustíveis, que será lançado hoje (02) na sede das Nações Unidas, em Nova York, por Brasil, Estados Unidos, China, África do Sul, Índia e União Européia.
Este também será o tema principal do encontro que o presidente dos EUA, George W. Bush, terá com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, na próxima semana em São Paulo. Os dois países, que são os principais produtores de etanol do mundo, estudam uma parceria estratégica que deverá implicar no incentivo à produção e ao consumo do álcool combustível em nível continental.
"É uma iniciativa para criar uma região produtora e consumidora nas Américas, para depois pensar em expandir o setor para outras regiões, como África e Ásia. Só será possível criar um mercado mundial de etanol com produção", afirmou o ex-ministro. "A agroenergia vai mudar as relações comerciais e a geografia econômica do mundo", acrescentou.
E para Rodrigues a ampliação do uso dos biocombustíveis, principalmente do etanol como carburante misturado na gasolina, é uma tendência natural. "Se no século 20 a questão central do mundo foi a segurança alimentar, no século 21 o paradigma é a segurança energética", afirmou. "Pois não se promove o desenvolvimento de um país sem energia", declarou.
Em sua visão, a "civilização do petróleo" vai acabar. Com a diminuição da oferta de combustíveis fósseis outras alternativas terão que surgir, sendo que os biocombustíveis vão servir de "ponte" para uma sociedade que no futuro vai utilizar novas fontes de energia.
Não que os biocombustíveis líquidos vão substituir o petróleo. A tendência é que eles sejam utilizados como aditivos nos combustíveis fósseis, dando uma sobrevida às reservas petrolíferas e ajudando na diminuição da emissão de poluentes, até o surgimento de novas tecnologias comercialmente viáveis. "A biomassa soma-se ao desenvolvimento de uma nova estratégia energética", concluiu Rodrigues.